20 de junho de 2011

BAROPATIAS OCUPACIONAIS

BAROPATIAS OCUPACIONAIS

Origem do termo

Baro – Do grego báros (peso, pressão).

Patia – Do grego páthos (doença).

Baropatia é o conjunto de sintomas que se manifestam em decorrência de variações da pressão atmosférica.

Segundo Bellusci (1996), Baropatias são, em termos sucintos, doenças causadas por exposição a alterações da pressão atmosférica.

A atmosfera exerce sobre o nosso organismo a chamada pressão atmosférica ou pressão barométrica, que varia com a altitude; ou seja, se subirmos uma montanha muito alta ou tomarmos um avião, teremos sobre nós uma pressão menor da atmosfera; se entrarmos no mar, a grandes profundidades, teremos sobre nós uma pressão maior exercida pela atmosfera e pela água.

Em condições normais, no nível do mar, com temperatura de 0ºC, essa pressão é de 1 atm, que equivale à pressão exercida por uma coluna de 760 mmHg ou 10m de água.

A cada 10m de profundidade do mar, nosso organismo está exposto a aproximadamente mais 1 atm de pressão. Portanto, no nível do mar, à temperatura de 0ºC, a pressão é de 1 atm; a 10m de profundidade, é de 2 atm; e a 20m, de 3 atm.

A 6.000m de altura, a pressão é de 0,5 atm; e, a 40.000m, é praticamente nula.

Normalmente, a pressão exercida pelos líquidos internos de nosso organismo está em equilíbrio com a pressão atmosférica. Quando há aumento ou diminuição da pressão atmosférica, podem ocorrer lesões mecânicas em tecidos moles, assim como alterações na distribuição de gases através das células e até morte.

Esse é um problema ao qual estão expostas as pessoas que trabalham em caixões pneumáticos e em submarinos, assim como os mergulhadores, aeronautas, alpinistas e todos os que realizam múltiplas atividades em tubulões e escavação de túneis pelo método Shield com ar comprimido.

A Pressão Atmosférica e a orelha

O equilíbrio entre a pressão interna da orelha e a pressão externa do meio ambiente é fundamental para a audição, para o equilíbrio do corpo e para a integridade dos tecidos que o formam.

O aumento ou a diminuição brusca da pressão atmosférica pode romper o tímpano e os ossículos da orelha média. O indivíduo tem sensação de orelha ocluída, hipoacusia, zumbido, dor puntiforme e violenta no momento da ruptura e, às vezes, sofre vertigem.

O tratamento é por instilação nasal de vasoconstritores e drenagem de líquidos. Também os antibióticos são utilizados quando há possibilidade de infecção.

Em geral, a laceração do tímpano cicatriza espontaneamente em dez a vinte dias com recuperação total, mas pode ser necessária uma timpanoplastia.

A prevenção de lesões da orelha é feita com o uso de manobras de descompressão timpânica e cura de todas as afecções que podem provocar estenose da tuba auditiva.

A Pressão Atmosférica e os seios paranasais

Os seios paranasais, por serem ocos, também sofrem lesões em condições hiperbáricas. Os mais comumente afetados são os frontais. Os sintomas são dor local intensa, edema, congestão, ruptura de capilares, hemorragia e deslocamento de mucosa.

Essas lesões se complicam facilmente com infecções bacterianas. A terapia consiste em aerossóis e instilação nasal de descongestionante e vasoconstritor. Os antibióticos também são utilizados quando há possibilidade de infecção.

A Pressão Atmosférica e os dentes

Os dentes podem doer agudamente quando o indivíduo é submetido a alterações de pressão atmosférica, se houver pequenas fissuras em obturações ou coroas. O tratamento é odontológico.

A Pressão Atmosférica e os pulmões

Os pulmões e a caixa torácica constituem estruturas de notável elasticidade e normalmente suportam bem variações de pressão atmosférica. Mas circunstâncias como a obstrução patológica dos brônquios ou a alteração de ritmo da respiração podem provocar lesão pulmonar grave.

Para compreendermos como os pulmões podem ser afetados, as vezes letalmente, pelas variações da pressão atmosférica, tomemos o exemplo de um mergulhador que sobe à tona, vindo de uma profundidade de 50m, ou de um indivíduo que desce à mesma profundidade num caixão pneumático.

O volume de ar nos pulmões no nível do atm é de cerca de 6 litros, portanto, a 50m de profundidade, a 6 atm de pressão, são necessários 36 litros de ar para ocupar o mesmo volume. Se a descompressão não for feita em tempo adequado, o ar se expande dentro do pulmão e provoca lesões graves dos alvéolos.

Além disso, pode penetrar na circulação sanguínea e provocar embolia gasosa no cérebro e outros tecidos, bem como enfisema no mediastino e pneumotórax. Os sintomas, nesses casos, variam de modestos distúrbios respiratórios até perda de consciência, edema pulmonar, distúrbios neurológicos, embolia e morte. A terapia é sintomática. O mesmo quadro pode comprometer seriamente a distribuição de oxigênio (O2), alterando a relação entre as concentrações de oxigênio do ar e do sangue e até nos tecidos, resultando em hiperoxemia, hiperoxia, hipoxemia, hipoxia e anoxia.

A hiperoxemia e a hiperoxia, que consistem no aumento de oxigênio no sangue e nos tecidos, respectivamente, provocam, por sua vez, grave e completo desequilíbrio metabólico, com alteração da função de diversos órgãos e aparelhos. O indivíduo apresenta sensação de secura na faringe, epistaxe, tosse seca e irritante, pressão e dor retroesternal.

Outros possíveis sintomas são broncopulmonite exsudativa, edema pulmonar, convulsão, hipertonia vagal com bradicardia, alucinação, confusão mental, vertigem, cefaleia, náusea, astenia, mal estar geral, perda de consciência, coma profundo e pele de coloração terrosa. A cefaleia, a náusea e a astenia podem durar de um a dois dias.

Algumas vezes pode ocorrer depressão, que dura meses. A terapia consiste em normalizar a oferta de oxigênio, retirando-o da atmosfera hiperoxigenada. A dificuldade de eliminação de dióxido de carbono (CO2) durante o mergulho pode provocar intoxicação com perda de consciência.

O indivíduo apresenta taquipneia, cefaleia, cansaço aos pequenos esforços, náuseas, vômitos e sensação de queimação na face. O tratamento consiste em favorecer a inalação de ar em concentração normal de gases. Em geral, há regressão rápida de sintomas.

O uso inadequado de equipamentos de mergulho pode provocar lesões como equimoses, hemorragia conjuntinal e asfixia. A diminuição de pressão atmosférica nas montanhas altas ou no vôo de aeroplano também implica diminuição da concentração de oxigênio no ar inspirado, o que pode provocar hipoxia, hipoxemia e até anoxia. O indivíduo apresenta hiperventilação compensatória com aumento da profundidade da respiração ou do número de movimentos respiratórios por minuto.

A hiperventilação compensatória aumenta gradativamente até decrescer e torna-se irregular. A cerca de 10.000m de altura ocorre respiração do tipo Cheyne-Stokes, com produção aguda de hemácias, taquicardia e tendência de elevação da pressão sanguínea, numa tentativa do organismo de garantir a distribuição do oxigênio. A essa altitude é possível também a ocorrência de parada respiratória.

A terapia consiste em transportar o indivíduo para local de pressão atmosférica normal e inalação de oxigênio contendo 7% de dióxido de carbono.

GLOSSÁRIO

Caixão pneumático – Uma estrutura retangular de concreto – que contém em seu interior materiais mais leves do que a água do mar (água de lastro ou ar) – entre as pernas da plataforma que serve para facilitar o seu deslocamento (transporte) e sustentabilidade no leito marinho. Esse suporte também foi aperfeiçoado e difundido nos primeiros anos de exploração offshore na zona norte do Mar do Norte, Noruega (Lappegaard et al., 1991). Utilizado na Inglaterra para escavar fundações de pontes, empregava ar comprimido para expulsar a água duma área do leito do rio para se poder trabalhar a seco. Utilizado em serviços de construção civil sob água.

Tubulões pneumáticos – Estacas de tubulões pneumáticos. Consiste no uso de ar comprimido após a cravação do tubo antes da escavação de seu interior. A finalidade do ar comprimido é a de manter a água afastada através do aumento da pressão no interior do tubo.

Método Shield – Neste método, o sistema impermeabilizante primário necessita grauteamento (nivelamento de base onde se vai assentar uma estrutura, feito com argamassa de cimento) para preenchimento de vazios entre os anéis pré-moldados e o solo escavado. O sistema impermeabilizante principal precisa de anéis pré-moldados de concreto rígido de baixa permeabilidade, além da vedação de juntas entre anéis pré-moldados, conforme o tipo de anel (que sempre deverá existir quando o túnel estiver sob lençol freático, independentemente do tipo de terreno).

Ocluída – Fechada.

Hipoacusia – Deficiência auditiva, surdez.

Dor Puntiforme – Dor aguda e intensa centralizada em um ponto.

Instilação – Colocar, inserir vagarosamente algo em algum lugar.

Seios paranasais – São espaços preenchidos de ar localizados no interior dos ossos do crânio e face, que se comunicam com a cavidade nasal.

Escafandro É uma armadura de borracha e ferro usada por mergulhadores para trabalhos no fundo da água. Essa estrutura comunica-se com a superfície através de um duto que assegura a livre respiração e permite resistir à pressão da água.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Bellusci, Silvia Meirelles. Doenças Profissionais ou do Trabalho. Editora Senac São Paulo. pp. 97 a 101 – Baropatias Profissionais. 11ª Edição. 1996.

DECRETO No 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999.

Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

A N E X O II

AGENTES PATOGÊNICOS CAUSADORES DE DOENÇAS PROFISSIONAIS OU DO
TRABALHO, CONFORME PREVISTO NO ART. 20 DA LEI

Nº. 213, DE 1991


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm